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Yield Farming definitivo (em Português)

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@shapeshiftdaobr
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Antes do setor de Finanças Descentralizadas surgir, não existiam muitas maneiras de obter retorno com criptomoedas: ou os usuários efetuavam trades com seus ativos, ou mantinham-nos na carteira aguardando sua valorização. Ou seja, a forma usual de obtenção de lucro era apenas na aquisição de criptomoedas e a exposição direta ao seu valor. No entanto, os smart contracts criados, a ‘priori’, pelos pesquisadores da Ethereum — destacando-se Vitalik Buterin como seu idealizador — deram vida a um novo ecossistema no universo cripto. Com eles, qualquer um com conhecimentos básicos de programação poderia criar um dapp¹ a sua maneira, possibilitando a construção de um novo sistema financeiro baseado em criptomoedas.

Assim, gradualmente, a descentralização das finanças vem ocorrendo através do desenvolvimento de aplicativos descentralizados capazes de replicar instrumentos financeiros tradicionais — ou ir além deles. Estes, possibilitam investidores não só investirem em projetos e seus tokens, mas rentabilizá-los passivamente.

A estes lucros obtidos, dá-se o nome de yield farming.***

Para a obtenção de ganhos nestes dapps, usuários precisam depositar seus tokens nos smart contracts de protocolos DeFi. Estes, precisam desta confiança, para exercer suas funções, cada um com seu objetivo:

  • Exchanges Descentralizadas — DEX — : em função das DEX não custodiarem os tokens de seus usuários, estas precisam de liquidez para ofertar ao mercado a possibilidade de negociação de tokens — swaps -. Para isto, dependem dos usuários proverem liquidez através de LPs², como FOX/ETH.
  • Protocolos de Empréstimo: alguns *dapps oferecem a oportunidade de empréstimo aos usuários. No entanto, dependem de liquidez para conseguir fornecer isto a eles. Deste modo, precisam de que usuários depositem suas criptomoedas nos smart contracts do protocolo.
  • Seguradoras: Depositar tokens num protocolo de seguro, fornecendo liquidez para o pagamento aos detentores das apólices. Estes, podem cobrir desde o mau funcionamento nos smart contracts, hacks, rug pulls, perda de paridade de stablecoins — e suas representações —, hacks em CEX³, entre outros.
  • Derivativos — Protocolos que permitem usuários emitirem ativos sintéticos lastreados em ativos do mundo de finanças tradicional ou mesmo do ecossistema de cripto. Assim, o usuário pode ter acesso a tokens que acompanham o valor do Euro ou mesmo do ETF de Ouro negociado na Bolsa de Valores. Porém, como os outros, os dapps de derivativos precisam que os usuários depositem um valor pré-determinado em seus smart contracts,* de modo a garantir a tomada de empréstimo dos tokens sintéticos.

Devido à necessidade de liquidez para prover os serviços ofertados aos usuários, muitos protocolos atraem-nos utilizando estratégias de incentivos com recompensas financeiras, seja em seus tokens nativos, seja em tokens de dapps parceiros.

Para atingir essa finalidade, cada um deles precisará gerar receitas capazes de manter o protocolo e pagar os incentivos aos usuários provedores de liquidez:

  • DEX - As corretoras descentralizadas, a fim de realizar a troca de tokens para os usuários, efetuam a cobrança de taxas nos swaps realizados utilizando o protocolo. Apesar de serem baixas — cerca de 0,04% na Curve, por exemplo — o alto volume de transações diárias nas principais DEXes gerárá, por consequência, um grande valor de receita em taxas coletadas — no caso da Curve, próximo a 43 milhões de dólares até o momento -. Usualmente, a quantia arrecadada com as taxas é destinada aos provedores de liquidez, como incentivo para manter os tokens depositados nos *smart contracts.

Fonte: ShapeShift DAO

  • Protocolos de Empréstimo — A receita arrecada por este tipo de dapp advém das taxas cobradas de usuários devido à realização de empréstimos e das taxas por penalização por liquidação. Ambas são responsáveis por coletar fundos de modo a, não só tornar a atividade do protocolo rentável, mas principalmente retribuir aos usuários que depositaram seus tokens no dapp, auxiliando na geração de liquidez para os empréstimos efetuados.
    • A Aave é um dos principais protocolos no setor de empréstimos em DeFi. Para fins didáticos, toma-se o token USDC na Aave v2 na Mainnet da Ethereum: no dia 31 de outubro de 2021, possui uma Taxa de Rendimento de Depósito de 16%; Taxa de Juro de Empréstimo Estável de 30% e a Variável de 20,73%; e Penalidade por Liquidação de 4%:

Fonte: Aave

  • Seguradoras - Os seguros vendidos por estes tipos de protocolos também tem sua maneira particular de incentivar os usuários a depositar seus tokens. Como estes dependem da liquidez nos *smart contracts para a cobertura dos seguros contratados por seus titulares, estes dapps remuneram com seus tokens nativos aqueles que confiam-nos a posse de suas criptomoedas.

  • Derivativos - Os usuários que emitirem os tokens sintéticos, obrigatoriamente depositam tokens nos protocolos como garantia. Como retribuição, são destinados a eles uma rentabilidade anual por manter seus tokens depositados no protocolo, incentivando o uso dos ativos emitidos.

    As categorias de protocolos acima são apenas algumas maneiras de rentabilizar criptomoedas de maneira passiva. Em DeFi, muitas estratégias podem ser usadas para maximizar os lucros e também auxiliar no gerenciamento de risco.

    Por isso, cada um deve definir seu perfil e estudar a melhor forma de alocar seus ativos, experimentando utilizar protocolos com smart contracts auditados, com bom histórico, time de desenvolvedores e comunidade ativos.

    Sendo assim, bom yield hacking* !

    ¹dapp é a abreviação para decentralized app ou aplicativo descentralizado.

    ²LP é a sigla utilizada para Liquidity Provider. Estas, são representações da liquidez fornecidas pelos usuários aos protocolos.

³CEX é um acrônimo dado para Centralized Exchanges ou corretoras centralizadas, como a Binance e Coinbase.

Artigo de Guilherme Barbosa, selecionado através do Fluxo de Informação e Globalização da ShapeShift DAO em 31/10/2021.